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O Marco Zero do Recife

  Viva o Recife e eu te digo como! Do Recife para Olinda dá 7km de distância, mas você sabe exatamente de onde se conta essa quilometragem? Já pensou se cada um escolhesse um lugar diferente para medir, a confusão que seria? Para evitar isso e ter um padrão nas medições, as cidades criaram Marcos que simbolizam o seu quilômetro zero, muitas vezes associado ao local de nascimento ou de fundação dos municípios. No Recife, fica na praça Barão do Rio Branco, mais conhecida como Praça do Marco Zero. Nela foi instalado em 1938 um pequeno obelisco em pedra medindo 1,5m de altura, pelo Automóvel Club de Pernambuco, para representar o Marco Zero da cidade. Essa pedra está lá até hoje. Na reforma da praça, no ano 2000, foi removida para uma das extremidades do local e no centro da praça, foi instalado um disco de bronze em meio à rosa dos ventos representando o marco inicial de onde são medidas as distâncias a partir da capital pernambucana. Sabia disso? Eu sou Bráulio Moura e a gente se vê por
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Antiga Confeitaria Glória - Local do Assassinato de João Pessoa, no Recife

 Um acontecimento nesse prédio mudou os rumos da História do Brasil. Localizado na esquina da Rua Nova com a Rua da Palma, foi palco do assassinato de João Pessoa, governador da Paraíba e vice candidato a presidência na chapa de Getúlio Vargas.  . O crime, cometido por João Dantas em plena confeitaria Glória, que funcionava no local, foi o estopim da revolução de 1930, que levou Vargas ao poder. . Antes de tudo isso acontecer, funcionava no prédio a Casa Alemã, uma magazine de luxo que vendia roupas e enxovais. O prédio foi reformado em 1910 por Heirich Moser, ele mesmo, o vitralista, que era sobrinho e depois sócio da proprietária Júlia Doerderlein, a Madame Júlia. . A loja teve a primeira vitrine de Pernambuco e causou escândalo ao expor uma cama de casal, para divulgar os jogos de cama. A sociedade achou escandaloso mostrar coisas tão íntimas.  . Com a primeira guerra mundial, alguns recifenses passaram a hostilizar alemães e atearam fogo à loja, em 1914. O comércio funcionou até 19

Solano Trindade

 Viva o Recife! E eu te digo como. Na esquina do Pátio de São Pedro com o Beco do Veado Branco, uma das mais emblemáticas  esculturas do Circuito da Poesia chama atenção.  Ali, num dos mais importantes locais da memória afro pernambucana, a estátua de Solano Trindade se destaca no vai e vem apressado.  Poeta, pintor e folclorista. De acordo com Carlos Drumond de Andrade, o maior poeta Negro do país. Também cineasta e teatrólogo, fundou o Teatro Experimental do Negro e o Teatro Popular do Brasil.  Idealizou  no Recife o 1º Congresso Afro-Brasileiro, fundou a Frente Negra Pernambucana e também o Centro de Cultura Afro-Brasileira. Com sua arte, literatura e causas sociais, se tornou num dos maiores símbolos de resistência ao racismo e à opressão, se transformando num ícone da cultura nacional. Sua escultura parece chamar para o próximo espetáculo e denunciar as dores e injustiças sociais. Quem passa por lá, tem a sensação de ouvir a voz do poeta ecoando  “Eita negro! Quem foi que disse qu

Turismo e Literatura na XIII Bienal do Livro de Pernambuco com Braulio Moura

 Na última segunda (04/10), Bráulio Moura participou da XIII Bienal do Livro de Pernambuco, onde falou sobre a relação de turismo e literatura. Com o tema "jornadas entre trajetórias, obras e territórios", falou para plateia presencial e online sobre a influência da literatura nos roteiros turísticos, apontando possibilidades de descobertas e de educação patrimonial. Obras de autores como Gilberto Freyre, Carneiro Vilela, Carlos Pena Filho e Manuel Bandeira inspiram passeios pela capital pernambucana, que conta também com o Circuito da Poesia. Além de oferecer a turistas e moradores roteiros pela vida e obra de escritores consagrados do Brasil, há ainda tours inspirados na cultura pop como a saga Harry Potter e o Pokémon Go.  Bráulio Moura apresenta o tema Turismo Literário na Bienal do Livro de Pernambuco

Óleo de baleia nas construções. Que história é essa?

Você já deve ter ouvido de alguém numa visita a qualquer cidade histórica brasileira que os prédios eram construídos com óleo de baleia e por isso duraram tanto tempo de pé e inabaláveis. Quem nunca escutou isso atire a primeira pedra (sem óleo, por favor). . Quando a gente tem contato com informações básicas de construção, arquitetura e até c onversando com o pedreiro que fez um serviço em casa, descobrimos que no cimento deve ser evitado o contato com algumas substâncias como gorduras e óleos, o que pode comprometer a sua qualidade e durabilidade. . Desde a antiguidade, lá das pirâmides, zigurates e templos, passando por nossos sobrados e mocambos, aprendemos que os principais materiais aglutinadores foram o barro, a argila, o gesso, a cal e o cimento moderno "Portland", criado em 1824, como bem cita o arquiteto Alan Dick Megi. . Mas então, que babado é esse de óleo de baleia nas paredes do Brasil colonial? . Bem, primeiro é preciso dizer que nas argamassas coloniais era

O MITO DA TELHA FEITA NAS COXAS

Com esta pequenina e linda casa do século XVIII na Rua do Amparo, em Olinda, venho hoje desmentir mais um mito muito difundido em cidades históricas turísticas do Brasil: a telha feita nas coxas dos escravos. . Muitos de vocês já devem ter ouvido e até falado a expressão "feito nas coxas" para descrever algo que foi feito nas pressas e saiu mal feito. . Nas cidades históricas ainda se ouve gente espalhando a estória de que as telhas coloniais eram feitas nas coxas dos escravos, e que por isso elas tinham o formato "canoa" mais largo em uma ponta e mais estreito em outra. Pois isso é mais uma mentirinha, dessas contadas pra deixar a falar mais interessante e contar boas histórias para entreter turistas. . Acontece que não existe em nenhuma cidade colonial do Brasil (nem em Portugal), prédio com telhas diferentes umas das outras, elas são padronizadas. As telhas coloniais eram feitas de forma artesanal em moldes de madeira, que possuíam variações de tamanho, onde eram

A eira e beira, uma das maiores mentiras contadas no Brasil

Casinha pequenina e baixinha na Estrada do Bonsucesso, sítio histórico de Olinda, que perdeu altura em relação à rua por causa dos sucessivos aterros ao longo dos séculos. Notem que ela possui beiral triplo, uma moda do século XVIII muito comum em Portugal na região do Algarve e Alentejo , conhecidos como telhados portugueses, telhado à portuguesa ou ainda telhado ibérico. Como aqui o barroco se manifestou de forma tímida ou quase nula na arquitetura civil, esses telhados pipocaram nas casas, como uma forma graciosa de escoar a água da chuva sem que ela escorresse pela fachada, substituindo os telhados do século XVII e caindo em desuso no começo do XIX. No Brasil, a expressão "sem eira nem beira" que vem de quem não tem quintal (eira) para plantar e secar cerais nem porção pequena de terra (beira), foi equivocadamente interpretada como as camadas de telha, trocando abrigo por beiral e beiral por adorno, gerando uma falsa estória que acabou caindo até em escritos acadêmicos, r